quarta-feira, 26 de outubro de 2011

VIRGEM MORENA

               ( Gracinda Calado )
Maria, a mulher que foi escolhida para gerar Jesus, inquestionavelmente era pura.
Mulher de muitas virtudes e de muitos sentimentos nobres.
Na sua humildade disse sim ao mensageiro de Deus para aceitar gerar em seu ventre carnal a semente do Cristo que se revelou a todos nós filho do Altíssimo!
Quem é essa mulher cheia de graças que se desdobra e alimenta em seu seio o corpo do menino que um dia haveria de morrer crucificado no madeiro e espiar nossos pecados?
Maria a donzela, imaculada, venerada pelos cristãos, por ser ela a medianeira das graças que necessitamos.
Hoje homenageamos essa divina mulher, por ser a mãe de Jesus , recebe muitos nomes conforme a crença popular do seu povo.
A virgem que emergiu das águas. Sua cor era morena devido  ser de madeira e passar muitos anos dentro do rio, supõem os pescadores.
A imagem foi erguida em altar feito pelos negros que nas horas de aflição pediam socorro àquela que veio para amenizar os corações aflitos de seu povo negro.
Nós, católicos como nossos irmãos negros, adotamos também Maria, Nossa  Senhora , da Conceição Aparecida nossa mãe e padroeira do Brasil!
Aqui ò mãe, o meu amor, a minha devoção, e o meu carinho a ti pelo dia de hoje e por todos os dias de nossa vida,!
 Sei que estás sempre ao nosso lado nas horas de agonia e de sofrimento. Queremos tua bênção mãe querida!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

VIAGEM INTERIOR

                                        VIAGEM INTERIOR
                                         Gracinda Calado
De onde vem esta força que sinto agora!
Será que é do vento ou do mar,
Da luz das estrelas ou do luar?
Será que é da noite ou do dia,
Será que é do perfume das flores
Ou do canto do sabiá?

Meu ser canta de felicidade!
Felicidade pela vida.
Pelo ar que sinto agora.
Pela  brisa que toca meus cabelos.
Pelo cheiro de sal que vem do mar.
Pelo cheiro de terra molhada.
Pela chuva que cai serena.

Minha alma chora de alegria.
Alegria de sentir teu perfume.
De pegar teus cabelos macios.
De sentir teu corpo junto ao meu.
De beijar tuas mãos macias.
De fazer juras de amor.
De te amar por inteira.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

UMA PRECE PELA NATUREZA


Gracinda Calado

Oh Deus! A natureza pede socorro.
Onde era rio caudaloso, somente um fio de água chora sobre a terra seca.
Por outro lado cascatas devastadoras empurram cidades e pessoas para o fundo dos abismos fazendo a desgraça de muitas famílias.
No fundo dos oceanos os peixes sentem o aquecimento global e suas conseqüências.
Os corais estão morrendo nas águas vermelhas contaminadas pelos minerais nocivos aos peixes, crustáceos e esponjas coloridas.
Oh Deus! Alivia a matança desses animais que trazem beleza aos nossos mares.
Segura com tua mão protetora a fúria dos vulcões, as tempestades de inverno e verão. Manda para todos nós as flores e os perfumes das primaveras, ameniza o frio dos invernos rígorosos!
Oh Deus! Controla a mente nefasta do homem para não agredir o meio ambiente, com seu espírito destruidor e poluidor do ar, dos mares, da terra, dos rios, da natureza!
Sentimos a falta dos pássaros que enfeitam as matas e enchem de alegria o ar com o som de seus gorjeios.
Oh Deus dos mares! Protege os marinheiros que vivem na solidão do infinito. Acalma os temporais, livra os caminhos que singram as grandes ondas que permeiam os oceanos.
Não deixa que nosso planeta se extinga na imensidão do universo, que as estrelas não pereçam, o sol não desapareça, e a lua não fuja para longe onde não encontre nunca o sol! Obrigado Senhor!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

PARUSIA

GRACINDA CALADO
Do céu surgirão legiões de anjos cantando em perfeita sintonia.
Nossos ouvidos ouvirão canções tão belas que nossos ouvidos jamais ouviram.
O sol surgirá brilhante como uma grande pedra de diamante.
As estrelas formarão uma dança espetacular no céu e tudo será visto por nós.
Uma legião de anjos tocará trombetas avisando a chegada de Jesus.
E ele com suas vestes brancas fluorescentes aparecerá no alto dos céus, acompanhado por anjos e arcanjos e ficará face a face com seu povo.
O mundo se transformará em um a apoteose grandiosa!
Os homens cairão por terra e reverenciarão o mensageiro da paz e da luz!
Uma auréola de luz contornará a cabeça de Jesus e Ele falará aos benditos do Pai, e dirá a que veio para todos os que estão de pé à sua espera!
A chegada de Jesus, a verdadeira Parusia, veremos o Senhor face a face!
Não sentiremos mais fome nem sede, não choraremos mais, nem sofreremos as angústias do pecado!
Os que forem perdoados e arrependidos serão moradores da paz celestial.
O reinado de Jesus será anunciado para os homens de boa vontade: será instalado aqui na terra!
Jesus glorioso e triunfante reinará no trono da paz!
Não sentiremos mais as dores do corpo, só as alegrias do espírito.
Nossa respiração será o sopro de Deus em sua divina majestade!
Sentaremos à direita daquele que nos prometeu a glória do céu na terra.
O vazio de nossas almas será preenchido pela graça de Deus nosso Criador e Senhor!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

ALGO A MAIS PELA PAZ

ALGO A MAIS PELA PAZ
O Mestre que amou sem impor condições, ensinou-nos,  que acolher o pecador, é diferente de aceitar o seu pecado. Daí o desafio de atacar o pecado e acolher o pecador, ou seja, desarmar o agressor com uma atitude de resistência pacífica, que quebre o círculo vicioso da agressão, da violência e do mal.
E que, enfim, todos somos filhos de um mesmo pai: o Deus que é bondoso para com todos. Todos já experimentamos o que significa ser ofendido e, mesmo sem querer, podemos ofender. O que o Mestre nos pede é muito simples. Mas, porque somos imperfeitos, acaba sendo  bastante difícil amar os inimigos, rezar por eles. Seria o mesmo que dizer que devemos deixar de ter inimigos; de eleger pessoas em quem projetar nossos ódios, dissabores e frustrações.
A perfeição de Deus é sua integridade. Deus é completo, por isto, não faz injustiça. Sua justiça é seu amor para com bons e maus. A integridade a que Deus nos chama, é ter um coração completo para amar a todos, não um coração que divide as pessoas em boas e más e ama pela metade.
A graça de Deus, o presente que ele nos dá sem merecermos, só vem acrescentar à gratuidade que aqui tivermos vivido. É fundamental, então nos questionarmos: “O que estamos fazendo de mais?”
Deus não nos trata segundo nossas falhas, mas segundo sua própria bondade. Por isso mesmo enquanto rezamos por nossos inimigos e nos esforçamos para compreendê-los como irmãos, continuamos a descobrir a bondade que certamente se encontra dentro de nós mesmos.
(Pe. Paulo Bazaglia, SSP)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

PROCURA-SE UM PASTOR

Já tiveste a sensação de alguém, falecido há algum tempo, permanecer “vivo” para ti? Permanecer fortemente presente em teu pensamento, continuar a servir de farol luminoso para o teu agir? Muito mais do que certas pessoas ainda vivas?

É assim que nos acontece com personagens marcantes, fascinantes, vibrantes, visionárias. É assim que me acontece com dom Aloísio Lorscheider, cujo quarto aniversário de morte (23/12/2007) se aproxima. Tenho uma foto dele colada na minha mesa de trabalho, é verdade, mas é a imagem dele que me vem à mente quando penso na Igreja em que acredito. Por que será?

Indubitavelmente, porque dom Aloísio tinha um perfil próprio, possuía um estilo inconfundível, era uma personalidade. Não se parecia com esta imagem episcopal padronizada e imposta que impera hoje: a dos prelados pomposos, envoltos numa aura de sagrado numinoso, mas sem quase nenhuma irradiação pessoal, donos de um discurso oficioso ensaiado, homologado, genérico e – em última análise – irrelevante para os destinos do nosso mundo. Bispos sem estatura própria, meninos de recado do Grande Pai em Roma, do Santo Padre (que blasfêmia, meu Deus!), cumpridores solícitos de ordens superiores, que nunca dizem o que realmente pensam, mas somente o que são mandados para dizer em nome da Instituição Eclesiástica. Bispos que cavalgam ad nauseam velhos cavalos de batalha como o aborto e a moral sexual (dos leigos, é claro!), mas que se calam diante das maiores atrocidades e injustiças que afligem a nossa sociedade. Bispos que me entediam com o que falam e não me arrastam, pelo seu exemplo, à prática do bem, à transformação do mundo. Ao contrário destes bispos mornos, dom Aloísio era quente, na fala e no testemunho pessoal. Quer ver? Então veja:

Na fala: “Estamos fazendo bonitas palestras, pregando belos retiros [...], mas na realidade, não estamos concluindo nada! As grandes iniciativas realmente relevantes não estão saindo, porque ainda não reconhecemos, de fato [...], a função e a dignidade cristã do leigo e da leiga” (MLA* pp.144-145). Ou que tal isto: “O leigo deve ter sua própria condição dentro da Igreja. Não deveriam ser convidados leigos ‘maquiados’ e sim, leigos-leigos” (MLA p.47). “Sem luta e engajamento, não se chega à felicidade verdadeira! [...] Agora, a grande maioria das pessoas, hoje, espera do recurso ao sagrado, em primeiro lugar, proteção e defesa contra todos os males. “A motivação religiosa encontra-se muito mais próxima do medo e da insegurança do que da convicção e do compromisso” (MLA p.140). “O que acontece é que os cristãos se tornam cautelosos, não querem se expor. Está desaparecendo a espontaneidade. Para que haja mais espontaneidade deveremos, da parte do episcopado, aceitar a franqueza das pessoas. Um indivíduo que fala com franqueza não quer ofender ninguém, mas quer ajudar: isto está faltando na Igreja!” (MLA p.172). “Foram dois desafios que não foram abraçados: a opção preferencial pelos pobres e a organização das CEBs. É um desastre: O clero não acompanha as CEBs!” (MLA p.85).
Estás vendo? Qual o bispo que, hoje, ousa falar assim?
E no testemunho: Tenho fotos de dom Aloísio visitando casas e casebres no Morro do Teixeira/Castelo Encantado, subindo e descendo – na areia das dunas – os becos de favela, levando fé, esperança e amor aos pobres. Guardo ainda hoje recortes de jornal que mostram o mesmo dom Aloísio em um dos presídios mais perigosos da Ceará, o qual costumava frequentar (Qual o bispo que ainda leva a sério a palavra de Jesus: “Eu estive preso e tu foste me ver”?). Lembro-me como dom Aloísio criou e equipou o Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos na Arquidiocese, para prestar assistência jurídica às populações indefesas, sobretudo aos indígenas (perguntar não ofende: quanto o Arcebispado investe, atualmente, neste trabalho?).
Foi dom Aloísio que patrocinou experiências de formação seminarística inserida no meio popular, fora do Seminário. Também foi ele que conseguiu, por sua iniciativa pessoal, reverter uma ordem vinda do Vaticano para despedir os padres casados que atuavam como professores no curso de Teologia. Para não falar do incentivo importante que ele deu à criação da Conferência Nacional dos Leigos no Brasil – projeto abortado pela CNBB de hoje.
Por tantas palavras e atitudes corajosas e marcantes, a figura de dom Aloísio permanece vivíssima e luminosa para mim. Já não posso dizer a mesma coisa de muitos prelados pasteurizados que hoje desfilam solenemente seus paramentos em torno dos altares até desaparecem, literalmente, na nebulosidade do incenso: às vezes, me lembram os “sepulcros caiados” de quem falava Jesus... – cala-te, boca!
Salve Dom Aloísio, salve-nos!
Bispos que me entediam com o que falam e não me arrastam, pelo seu exemplo, à prática do bem. Ao contrário destes bispos mornos, dom Aloísio era quente, na fala e no testemunho pessoal
Dom Aloísio Leo Arlindo Lorscheider, 8/10/1924 a 23/ 12/2007

Autor: Prefessor Carlos Tursi. Dia 27/ 9/2011 no jornal OPOVO

A CRUZ
ANSELMO GRUM
A cruz abre uma brecha num mundo fechado que se basta a si mesmo.
 A cruz lembra que, na encarnação e na morte e ressurreição de Jesus, este mundo foi aberto para Deus e que Deus toca todas as áreas deste mundo. Nesse contexto, a cruz é as duas coisas: o sinal do amor incondicional de Deus, que nos alcança em todo tempo e em todo lugar, mas também o sinal do juízo que se abaterá sobre este mundo se ele continuar a se fechar em si mesmo.
 Este mundo terá fim. Ele não é estabelecido para sempre, mas está nas mãos de Deus. Quando Jesus morreu na cruz rasgou a cortina do templo que nos obstruía a visão de Deus.
A cruz é a imagem da certeza de que este mundo já não pode obstruir nossa visão de Deus, porque ele foi aberto e marcado pelo amor de Deus. A cruz é a marca de ferrete que Deus imprimiu neste mundo, para mostrar a todos os seres humanos que o amor de Deus vence todo o ódio, que a força de Deus é a mais forte que todo poder humano que tem constantemente a pretensão de ser a autoridade ultima.
Procura-se um bom pastor – O Povo 24 setembro 2011
Procura-se um bom pastor – O Povo 24 setembro 2011
Carlo Tursi
citursi@superig.com.br

Já tiveste a sensação de alguém, falecido há algum tempo, permanecer “vivo” para ti? Permanecer fortemente presente em teu pensamento, continuar a servir de farol luminoso para o teu agir? Muito mais do que certas pessoas ainda vivas?

É assim que nos acontece com personagens marcantes, fascinantes, vibrantes, visionárias. É assim que me acontece com dom Aloísio Lorscheider, cujo quarto aniversário de morte (23/12/2007) se aproxima. Tenho uma foto dele colada na minha mesa de trabalho, é verdade, mas é a imagem dele que me vem à mente quando penso na Igreja em que acredito. Por que será?

Indubitavelmente, porque dom Aloísio tinha um perfil próprio, possuía um estilo inconfundível, era uma personalidade. Não se parecia com esta imagem episcopal padronizada e imposta que impera hoje: a dos prelados pomposos, envoltos numa aura de sagrado numinoso, mas sem quase nenhuma irradiação pessoal, donos de um discurso oficioso ensaiado, homologado, genérico e – em última análise – irrelevante para os destinos do nosso mundo. Bispos sem estatura própria, meninos de recado do Grande Pai em Roma, do Santo Padre (que blasfêmia, meu Deus!), cumpridores solícitos de ordens superiores, que nunca dizem o que realmente pensam, mas somente o que são mandados para dizer em nome da Instituição Eclesiástica. Bispos que cavalgam ad nauseam velhos cavalos de batalha como o aborto e a moral sexual (dos leigos, é claro!), mas que se calam diante das maiores atrocidades e injustiças que afligem a nossa sociedade. Bispos que me entediam com o que falam e não me arrastam, pelo seu exemplo, à prática do bem, à transformação do mundo. Ao contrário destes bispos mornos, dom Aloísio era quente, na fala e no testemunho pessoal. Quer ver? Então veja:

Na fala: “Estamos fazendo bonitas palestras, pregando belos retiros [...], mas na realidade, não estamos concluindo nada! As grandes iniciativas realmente relevantes não estão saindo, porque ainda não reconhecemos, de fato [...], a função e a dignidade cristã do leigo e da leiga” (MLA* pp.144-145). Ou que tal isto: “O leigo deve ter sua própria condição dentro da Igreja. Não deveriam ser convidados leigos ‘maquiados’ e sim, leigos-leigos” (MLA p.47). “Sem luta e engajamento, não se chega à felicidade verdadeira! [...] Agora, a grande maioria das pessoas, hoje, espera do recurso ao sagrado, em primeiro lugar, proteção e defesa contra todos os males. “A motivação religiosa encontra-se muito mais próxima do medo e da insegurança do que da convicção e do compromisso” (MLA p.140). “O que acontece é que os cristãos se tornam cautelosos, não querem se expor. Está desaparecendo a espontaneidade. Para que haja mais espontaneidade deveremos, da parte do episcopado, aceitar a franqueza das pessoas. Um indivíduo que fala com franqueza não quer ofender ninguém, mas quer ajudar: isto está faltando na Igreja!” (MLA p.172). “Foram dois desafios que não foram abraçados: a opção preferencial pelos pobres e a organização das CEBs. É um desastre: O clero não acompanha as CEBs!” (MLA p.8
Carlo Tursi
citursi@superig.com.br

Já tiveste a sensação de alguém, falecido há algum tempo, permanecer “vivo” para ti? Permanecer fortemente presente em teu pensamento, continuar a servir de farol luminoso para o teu agir? Muito mais do que certas pessoas ainda vivas?

É assim que nos acontece com personagens marcantes, fascinantes, vibrantes, visionárias. É assim que me acontece com dom Aloísio Lorscheider, cujo quarto aniversário de morte (23/12/2007) se aproxima. Tenho uma foto dele colada na minha mesa de trabalho, é verdade, mas é a imagem dele que me vem à mente quando penso na Igreja em que acredito. Por que será?

Indubitavelmente, porque dom Aloísio tinha um perfil próprio, possuía um estilo inconfundível, era uma personalidade. Não se parecia com esta imagem episcopal padronizada e imposta que impera hoje: a dos prelados pomposos, envoltos numa aura de sagrado numinoso, mas sem quase nenhuma irradiação pessoal, donos de um discurso oficioso ensaiado, homologado, genérico e – em última análise – irrelevante para os destinos do nosso mundo. Bispos sem estatura própria, meninos de recado do Grande Pai em Roma, do Santo Padre (que blasfêmia, meu Deus!), cumpridores solícitos de ordens superiores, que nunca dizem o que realmente pensam, mas somente o que são mandados para dizer em nome da Instituição Eclesiástica. Bispos que cavalgam ad nauseam velhos cavalos de batalha como o aborto e a moral sexual (dos leigos, é claro!), mas que se calam diante das maiores atrocidades e injustiças que afligem a nossa sociedade. Bispos que me entediam com o que falam e não me arrastam, pelo seu exemplo, à prática do bem, à transformação do mundo. Ao contrário destes bispos mornos, dom Aloísio era quente, na fala e no testemunho pessoal. Quer ver? Então veja:
Na fala: “Estamos fazendo bonitas palestras, pregando belos retiros [...], mas na realidade, não estamos concluindo nada! As grandes iniciativas realmente relevantes não estão saindo, porque ainda não reconhecemos, de fato [...], a função e a dignidade cristã do leigo e da leiga” (MLA* pp.144-145). Ou que tal isto: “O leigo deve ter sua própria condição dentro da Igreja. Não deveriam ser convidados leigos ‘maquiados’ e sim, leigos-leigos” (MLA p.47). “Sem luta e engajamento, não se chega à felicidade verdadeira! [...] Agora, a grande maioria das pessoas, hoje, espera do recurso ao sagrado, em primeiro lugar, proteção e defesa contra todos os males. “A motivação religiosa encontra-se muito mais próxima do medo e da insegurança do que da convicção e do compromisso” (MLA p.140). “O que acontece é que os cristãos se tornam cautelosos, não querem se expor. Está desaparecendo a espontaneidade. Para que haja mais espontaneidade deveremos, da parte do episcopado, aceitar a franqueza das pessoas. Um indivíduo que fala com franqueza não quer ofender ninguém, mas quer ajudar: isto está faltando na Igreja!” (MLA p.172). “Foram dois desafios que não foram abraçados: a opção preferencial pelos pobres e a organização das CEBs. É um desastre: O clero não acompanha as CEBs!” (MLA p.85).
Estás vendo? Qual o bispo que, hoje, ousa falar assim?
E no testemunho: Tenho fotos de dom Aloísio visitando casas e casebres no Morro do Teixeira/Castelo Encantado, subindo e descendo – na areia das dunas – os becos de favela, levando fé, esperança e amor aos pobres. Guardo ainda hoje recortes de jornal que mostram o mesmo dom Aloísio em um dos presídios mais perigosos da Ceará, o qual costumava frequentar (Qual o bispo que ainda leva a sério a palavra de Jesus: “Eu estive preso e tu foste me ver”?). Lembro-me como dom Aloísio criou e equipou o Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos na Arquidiocese, para prestar assistência jurídica às populações indefesas, sobretudo aos indígenas (perguntar não ofende: quanto o Arcebispado investe, atualmente, neste trabalho?).
Foi dom Aloísio que patrocinou experiências de formação seminarística inserida no meio popular, fora do Seminário. Também foi ele que conseguiu, por sua iniciativa pessoal, reverter uma ordem vinda do Vaticano para despedir os padres casados que atuavam como professores no curso de Teologia. Para não falar do incentivo importante que ele deu à criação da Conferência Nacional dos Leigos no Brasil – projeto abortado pela CNBB de hoje.
Por tantas palavras e atitudes corajosas e marcantes, a figura de dom Aloísio permanece vivíssima e luminosa para mim. Já não posso dizer a mesma coisa de muitos prelados pasteurizados que hoje desfilam solenemente seus paramentos em torno dos altares até desaparecem, literalmente, na nebulosidade do incenso: às vezes, me lembram os “sepulcros caiados” de quem falava Jesus... – cala-te, boca!
Salve Dom Aloísio, salve-nos!
Bispos que me entediam com o que falam e não me arrastam, pelo seu exemplo, à prática do bem. Ao contrário destes bispos mornos, dom Aloísio era quente, na fala e no testemunho pessoal
Dom Aloísio Leo Arlindo Lorscheider, 8/10/1924 a 23/ 12/2007

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O IRMÃO FRANCISCO DE ASSIS

SÃO FRANCISCO DE ASSIS, O IRMÃO CRUCIFICADO
O irmão crucificado foi se apagando como uma vela. Sua voz era cada vez mais fraca. Seu rosto estava revestido com a doçura do paraíso. O Cântico continuava ressoando no bosque quase sem  trégua, dia e noite. Diversos grupos de irmãos faziam turnos para cantá-lo, sem cessar. Em certo momento, o irmão disse: é o prelúdio, prelúdio da sinfonia eterna.Despediu-se de todos. Irmão Leão, camarada fiel de mil batalhas, secretário e enfermeiro, eu me despeço. Perdoa-me por te haver arrastado por caminhos pedregosos, em nossas andanças  cavaleirescas por Cristo. As palavras humanas são insuficientes para expressar a gratidão que sinto por ti. Eu te abençôo mais do que posso. E vou te esperar, de pé, embaixo do grande arco da eternidade. Adeus!
Frei Leão nem escutou essas palavras. Estava arrasado pela emoção e pelas lágrimas. Nisso chegou um irmão, vindo de São Damião para dizer que Clara e as irmã Pobres estavam chorando inconsolavelmente.
A voz de Francisco estava debilitada. Quando seus lábios começaram a mover-se, os irmãos aproximaram-se para escutar-lhe as últimas palavras. Houve um grande silencio, enquanto tocavam os sinos da eternidade.
De repente, o pobre de Deus levantou a voz e disse: “Irmão Leão, escreve estas minhas últimas palavras:  Meu Senhor, eu me arrastei de joelhos, até os teus pés, sentar-me- ei à tua sombra e cobrirei com as mãos, a minha nudez. Tomarás as minhas mãos nas tuas, levantar-me-ás, abraçar-me-ás e dirás: Ès  filho de meu amor e sombra de minha substancia. Beijar-me-ás na testa e me colocarás uma grinalda no pescoço. Porás um anel de ouro no meu anular e uma roupa de príncipe sobre minha nudez. Dir-me-ás: Meu filho, olha para os meus olhos. Olharei e lá longe, acima das últimas ladeiras de teu coração, verei escrito o meu nome. E te direi: Deixa-me entrar nesse mar. E tu me dirás: Entra. Avançarei mar a dentro, e ali perder-me-ei, e perderei a cabeça e sonharei...
Fez-se um longo silencio. Ninguém falava. Todos olhavam o agonizante. Um irmão leu o Evangelho da Paixão, segundo São João.
Era tarde do dia 3 de Outubro de 1226. Os últimos raios de ouro cobriam de nostalgia e ares de eternidade os picos mais altos do Apeninos. A terra tinha entregado sua colheita dourada e apresentava-se satisfeita como quem cumpriu sua missão.
Inesperadamente, o agonizante abriu os olhos, fez menção de endireitar-se, dizendo: ”Bem-vinda sejais, minha irmã Morte”, não sei por que todo mundo tem medo de ti. És a irmã libertadora, cheia de piedade. Sem ti, que seria dos desesperados, dos desaparecidos no cárcere da tristeza? Livra-nos deste corpo de pecado, de tantos perigos de perdição. Fecha-nos as portas da vida e nos abre as portas da Vida Eterna.
Pediu aos irmãos que o colocasse no chão. Poucos minutos depois , o moribundo começou a rezar o salmo: “Com minha voz clamei ao Senhor”. Francisco jazia no chão. E não se mexeu mais. Tudo estava consumado!
Os Irmãos começaram a cantar o cântico do Sol, enquanto os animais aproximavam-se da cabana onde dormia o pobre de Assis. No bosque ressoava o cântico que agradava a Francisco, e nesse momento sua alma foi levada  ao paraíso, levantou vôo e começou a atravessar o céu.
Tinha reconciliado a terra com o céu, a matéria com o espírito. Era uma chama que se desprendera da matéria. Era a piedade de Deus que voltava para casa..
De repente o irmão foi penetrando nas órbitas siderais. Afastou-se, como um meteoro azul, até perder-se nas profundezas da eternidade!
Suas feridas do corpo e as chagas de suas mãos e dos pés foram curadas com a sua morte.
Texto extraído do Livro: O IRMÃO DE ASSIS,
                                       Autor: Frei Inácio Larrañaga
Os salmos de Francisco eram 24 e 22( Esperança em Deus e Deus pastor dos homens)