segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O IRMÃO FRANCISCO DE ASSIS

SÃO FRANCISCO DE ASSIS, O IRMÃO CRUCIFICADO
O irmão crucificado foi se apagando como uma vela. Sua voz era cada vez mais fraca. Seu rosto estava revestido com a doçura do paraíso. O Cântico continuava ressoando no bosque quase sem  trégua, dia e noite. Diversos grupos de irmãos faziam turnos para cantá-lo, sem cessar. Em certo momento, o irmão disse: é o prelúdio, prelúdio da sinfonia eterna.Despediu-se de todos. Irmão Leão, camarada fiel de mil batalhas, secretário e enfermeiro, eu me despeço. Perdoa-me por te haver arrastado por caminhos pedregosos, em nossas andanças  cavaleirescas por Cristo. As palavras humanas são insuficientes para expressar a gratidão que sinto por ti. Eu te abençôo mais do que posso. E vou te esperar, de pé, embaixo do grande arco da eternidade. Adeus!
Frei Leão nem escutou essas palavras. Estava arrasado pela emoção e pelas lágrimas. Nisso chegou um irmão, vindo de São Damião para dizer que Clara e as irmã Pobres estavam chorando inconsolavelmente.
A voz de Francisco estava debilitada. Quando seus lábios começaram a mover-se, os irmãos aproximaram-se para escutar-lhe as últimas palavras. Houve um grande silencio, enquanto tocavam os sinos da eternidade.
De repente, o pobre de Deus levantou a voz e disse: “Irmão Leão, escreve estas minhas últimas palavras:  Meu Senhor, eu me arrastei de joelhos, até os teus pés, sentar-me- ei à tua sombra e cobrirei com as mãos, a minha nudez. Tomarás as minhas mãos nas tuas, levantar-me-ás, abraçar-me-ás e dirás: Ès  filho de meu amor e sombra de minha substancia. Beijar-me-ás na testa e me colocarás uma grinalda no pescoço. Porás um anel de ouro no meu anular e uma roupa de príncipe sobre minha nudez. Dir-me-ás: Meu filho, olha para os meus olhos. Olharei e lá longe, acima das últimas ladeiras de teu coração, verei escrito o meu nome. E te direi: Deixa-me entrar nesse mar. E tu me dirás: Entra. Avançarei mar a dentro, e ali perder-me-ei, e perderei a cabeça e sonharei...
Fez-se um longo silencio. Ninguém falava. Todos olhavam o agonizante. Um irmão leu o Evangelho da Paixão, segundo São João.
Era tarde do dia 3 de Outubro de 1226. Os últimos raios de ouro cobriam de nostalgia e ares de eternidade os picos mais altos do Apeninos. A terra tinha entregado sua colheita dourada e apresentava-se satisfeita como quem cumpriu sua missão.
Inesperadamente, o agonizante abriu os olhos, fez menção de endireitar-se, dizendo: ”Bem-vinda sejais, minha irmã Morte”, não sei por que todo mundo tem medo de ti. És a irmã libertadora, cheia de piedade. Sem ti, que seria dos desesperados, dos desaparecidos no cárcere da tristeza? Livra-nos deste corpo de pecado, de tantos perigos de perdição. Fecha-nos as portas da vida e nos abre as portas da Vida Eterna.
Pediu aos irmãos que o colocasse no chão. Poucos minutos depois , o moribundo começou a rezar o salmo: “Com minha voz clamei ao Senhor”. Francisco jazia no chão. E não se mexeu mais. Tudo estava consumado!
Os Irmãos começaram a cantar o cântico do Sol, enquanto os animais aproximavam-se da cabana onde dormia o pobre de Assis. No bosque ressoava o cântico que agradava a Francisco, e nesse momento sua alma foi levada  ao paraíso, levantou vôo e começou a atravessar o céu.
Tinha reconciliado a terra com o céu, a matéria com o espírito. Era uma chama que se desprendera da matéria. Era a piedade de Deus que voltava para casa..
De repente o irmão foi penetrando nas órbitas siderais. Afastou-se, como um meteoro azul, até perder-se nas profundezas da eternidade!
Suas feridas do corpo e as chagas de suas mãos e dos pés foram curadas com a sua morte.
Texto extraído do Livro: O IRMÃO DE ASSIS,
                                       Autor: Frei Inácio Larrañaga
Os salmos de Francisco eram 24 e 22( Esperança em Deus e Deus pastor dos homens)

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