A NATUREZA CHORA SILENCIOSAMENTE!
Gracinda Calado
Onde eram flores, rosas e chorões,
Hoje são plantas daninhas, lodos e
musgos...
Nas encostas verdejantes, tapetes de
avencas,
Hoje, plantas selvagens nascidas nos
grotões!
Os rios já não correm mais com tanta
coragem,
Os pássaros já não cantam mais suas
canções,
Tudo perdeu o sabor e a cor, não há
aragem,
Só sequidão, devastação no coração da
serra!
O orvalho da manhã cai
preguiçosamente
Das pétalas das rosas em extinção
secreta.
Não se ouve no telhado o canto da
cotovia,
Partiu sem dizer nenhum adeus
saudosamente!
A natureza chora o silencio da
escuridão da mata,
Ninguém ouve o seu soluço de agonia e
dor.
Suas lágrimas caem tal a seiva das
plantinhas,
Que morrem ao calor do sol que lhes
maltrata!
O rio corre sempre lentamente todo
ano,
Como um velho caminhando em
ziguezague.
Roubaram-lhe as forças de seguir
andando,
Rumo ao destino puro e natural do
oceano!
O vento agora passa ligeiro como quem
domina
A vida, cheia de verdes e amarelos
caules,
Devasta tudo de maneira atrevida e
pequenina,
Nos ricões da serra, nas cidades e
nos sertões.
Como era linda a natureza em festa e
cor!
Quando os pardais faziam belos
festivais,
Todos cantavam para agradecer a vida,
Nas manhãs de lindos e dourados matinais!
Um dia choraremos a falta do verde e
da campina,
Da luz do luar, do canto do galo e do
rouxinol,
Da água caindo em dias de chuva na
colina,
Do verde do mar, do canto dos
pássaros e do arrebol!
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